terça-feira, 19 de outubro de 2010

FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DAS MULHERES NEGRAS NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XIX.

Como elas enfrentavam o Preconceito?

Autora: Neomênia de Oliveira Ayres de Lima.
Orientadora: Msc. Maria da Glória Dias Medeiros.
INTRODUÇÃO

Este projeto se refere às formas de organização das mulheres negras, durante o final do século XIX(período entre 1870 a 1900).  Revisita as principais atividades de trabalho por elas desenvolvidas. Como tinham acesso à educação. Religiosamente, quais as posturas adotadas durante este processo. Aborda outras formas de encontro/socialização (cultura). Além disso, aponta como enfrentaram o preconceito por serem mulheres e negras.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Tomamos os Annales, como referencial teórico, pois acreditamos que os aspectos sociais são imprescindíveis para que possamos compreender as especificidades de uma época.
Pesquisas referentes às mulheres são algo recente na historiografia e ocorreu em conseqüência do advento da Escola dos Annales(Início do século XX), a qual está associada a Nova História; que surgiu em oposição ao modelo tradicional, amplamente praticada no século XIX.
Assim, com base na história social, problematizamos a questão da mulher, buscando compreender o seu papel na nossa sociedade, bem como sua luta para defender os seus direitos e romper com a discriminação a ela imposta.

MÉTODOS 

Para analisar os diferentes papéis desempenhados pelas mulheres negras no Recife, no período entre 1870 a 1900, enfatizando a abrangente e definitiva herança africana na formação do país, utilizamos pesquisas bibliográficas somado às pesquisas documentais no Arquivo Público de Pernambuco.

RESULTADO E DISCUSSÃO

Quando a Revolução Francesa estendeu aos cinco ventos do universo a sua gloriosa bandeira, a mulher dava exuberantes provas de que foi predestinada para as grandes lutas sociais, para o futuro da democracia moderna.
No Brasil, na era em que imperavam a monarquia e a escravidão, surge no seio da população pernambucana um núcleo de senhoras bem intencionadas, querendo quebrar os elos das grossas correntes que prendem os pulsos de nossos irmãos. “Ao lado desses artigos, testemunhas da cultura dessas mulheres, de sua politização de sua consciência da modernidade (...) apelam, principalmente, para sentimentos humanitários e “femininos” do amor, da caridade, da compaixão”.
 As mulheres são mães de família, e por definição devem levar avante um projeto de vida para a pequena comunidade que dirigem, a dos filhos e marido...
É essa crença no futuro do país que se inscreve desse modo na grande marcha da humanidade em direção à plena liberdade dos seres humanos, que marca a luta das mulheres pernambucanas em prol da Abolição. O esforço produzido em favor da libertação de escravos, através da compra de cartas de alforria é louvável e uma prova do vigor com que lutaram. Porém documentos que nos deixaram, de diversas manifestações, sejam eles através de certidão de nascimento, óbito por conta dos inventários, testamentos, cartas de alforria, artigos publicados nos jornais de maior circulação da cidade do Recife, tudo isso é um testemunho do desejo político que animava um protesto e um espaço de reflexão. Sobre o destino do país, de um modo geral, sobre o destino das mulheres em particular, indivíduos que lutavam por um lugar no espaço público, cientes de que ali poderiam exercer uma colaboração efetiva. Enquanto seres humanos, enquanto mulheres, enquanto cidadãs do mundo.
(Partes deste Resultado e Discussão se encontram em FERREIRA et al, 1999 e MONTENEGRO, 1981).

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

No desenvolvimento deste trabalho, todo o enfoque foi dado à atuação das mulheres e cada um dos aspectos dessa luta dependeu de sua forma de aparecer e poder se mostrar. Para isso era necessária ousadia e foi o que não lhes faltou. Mesmo diante de um cenário totalmente adverso, conseguiram atuar, e melhor, conseguiram semear grãos futuros de insubmissão ao que precisava ser mudado.
Este trabalho é um construto de um corpus significativo e contribui para que uma parte de nossa história se torne conhecida. Constitui um esforço de estudar as questões de gênero feminino, sob o enfoque também da história social, onde utilizou associada a outras categorias analíticas como raça (etnia-negra), espaço (Recife) e tempo (século XVIII e XIX).
O resultado obtido sob análise dessas pesquisas, tanto com referências bibliográficas, somada a fontes documentais (Arquivo Público de PE), foi o resgate dessas vozes femininas antes silenciadas pela historiografia e o reconhecimento da sua ação perante o processo histórico.
(Partes destas Considerações Finais se encontram em: FERREIRA et al, 1999, p. 103,104 e 109.).

PALAVRAS-CHAVE: Mulher, negra, cultura, preconceito.

REFERÊNCIAS:

CARVALHO, Marcus. Caminhos de Liberdade. Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 20, nº 39, 2000.
FERREIRA, Luzilá Gonçalves. et al. Suaves Amazonas: Mulheres e Abolição da Escravatura no Nordeste. Recife, Editora Universitária da UFPE, 1999.
MONTENEGRO, Ana. Ser feminista ou não? 1ª Edição.Guararapes, PE Editora, 1981.
SCHUMAHER, Schuma; BRAZIL, Érico Vital. Dicionário Mulheres do Brasil. 1ª Edição. Jorge Zahar Editores, 2000.
SCHWARCZ, Moritz Lilia. O espetáculo das raças. 1ª Edição. Cia das letras Editora, 2000

ENTRE O SONHO E A ESPERANÇA: RESISTÊNCIA ANTI-COLONIALISTA GUINEENSE NA CONQUISTA DA INDEPENDÊNCIA (1956 A 2004).

Autora:CECÍLIA MARIA DAMASCENO DOS SANTOS.
Orientador:EVA MARIA MACÁRIO.

INTRODUÇÃO

Analisando os conflitos no Continente africano especificamente no caso de Guiné-Bissau, buscamos uma compreensão no seu processo de resistência anti-colonialista.Procuramos em sua essência aprofundar-se no processo de aquisição e formação política no processo de descolonização, formação dos movimentos nacionalistas e a luta para a independência passando por conflitos civis instalado no ano de 1973 aludindo a consequentes problemáticas. A luta política guineense reforçou e contribuiu na construção e auto-afirmação da identidade cultural, tendo como Amilcar Cabral um mártir na história, alicerçado na ideologia marxista. Analisando as divergências étnicas dentro da composição do próprio país, e a discussão sobre gênero, no que se refere à participação da mulher guineense quanto a sua posição no espaço sociocultural, guerra civil e seus impactos na sociedade. A pesquisa analisará o período decorrente aos anos de 1956 a 2004.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Fazendo uso da teoria do historiador, economista, filósofo e socialista alemão, Karl Marx, propôs a construção de uma nova sociedade,permitindo aos movimentos nacionalistas a homogeneidade,com os ideais marxistas. Analisando o contexto a sociedade capitalista,para Marx,o proletário, seria a única força para a construção de uma nova sociedade, socialista. A ideologia marxista inspirou vários lideres para o processo de libertação nos países africanos a revolução vista nos países de terceiro mundo que se caracterizavam como comunista e seus líderes desenvolviam o socialismo inspirado por Lenin e Marx.Com um pensamento socialista influenciador, o pensamento filosófico e social de Marx despertou nos líderes africanistas o desejo de uma estruturação social e política para a construção de um Estado igualitário entre as classes. 

METODOS 

Através de pesquisas em livros e sites destinados na garantia e preservação da memória de Guiné-Bissau,com a exposição de artigos para a promoção de debates e opiniões no site http://www.didinho.org,promovendo a interação acadêmica,temáticos africanistas e conversas informais com guineenses para a compreensão da história do país,palestras com os temas voltados para a pesquisa.

RESULTADO E DISCURSSÃO

A entrada dos portugueses no continente africano desencadeou um processo de exploração continua das colônias africanas, ocasionando vários conflitos históricos, sobretudo a luta de resistência anti-colonialista para processo da descolonização da Guiné e Cabo Verde enquadrando-se no fenômeno da descolonização geral da África portuguesa.Guiné-Bissau,contou ativamente com a liderança de Amilcar Cabral,para o processo de luta armada pela independência conquistada em 1973,dando como prova de resistência a própria vida em prol de uma Guiné independente, que só foi reconhecida por Portugal em 1974, após a queda do governo fascista de Marcello Caetano em 25 de Abril, os fatores de resistência para a aquisição da autonomia política de Guiné e Cabo Verde, tendo o PAIGC como o movimento da resistência nacionalista que travou conflitos de cunho político e armado contra o sistema colonialista português. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Com uma proposta libertadora e por que não dizer sonhadora em uma curta vida política, Amílcar Lopes Cabral, um mártir na historia contemporânea idealizou e realizou o movimento nacionalista da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, para o êxito do movimento de luta armada e da independência de ambos os países pertencentes às províncias ultramarinas. Foi preciso onze anos de luta armada que deu a independência a Guiné-Bissau a criação de um Estado novo, onze anos onde a sociedade contribuiu com a própria vida para a libertação seu povo do jugo colonial com intensa luta política, mobilização da população de diferentes etnias à volta de um ideal comum o grande desejo da unidade, luta e progresso. A unidade nacional foi à maior conquista destes onze anos da luta de libertação nacional. Após a independência houve sucessivos conflitos político-militares que se arrastaram até a data presente, culminando com assassinato e golpes de Estado. A transição política partidária entre os anos de 1980/2005, depois de sua morte gerou intensos conflitos com o partido PAIGC.
Palavra-Chave:Guiné-Bissau, Independência, política e democracia.

REFERÊNCIAS:

CABRAL, Amílcar (1975). Arma da Teoria: unidade e luta. In ANDRADE, Mário (org.). Portugal: Seara Nova.
CARDOSO, Carlos (s/d). Revisitando pensamento de Amilcar. Disponível em: http://www.didinho.org. Consultado em 10/03/2010 .
LOPES, Carlos (2004). O legado de Amilcar Cabral face aos desafios da ética contemporânea. Disponível em: http://www.didinho.org. Consultado em 12/03/2010
TEIXEITA, R. J. Dumas. Sociedade Civil e Democratização na Guiné-Bissau, 1994 – 2006.  Disponível em: http://www.didinho.org. Consultado em 03/03/2010
VISENTINI, P. G.Fagundes; RIBEIRO, L. D. Teixeira, ET al 2007. Breve história da África. Porto Alegre: Leitura XXI, 2007.


Os Reinos Antigos da Costa Oriental Africana e sua Relação com o Oriente

Autor: LUIZ HENRIQUE RODRIGUES PAIVA
Orientador: Prof. Dr. LUIS MANOEL DOMINGUES

INTRODUÇÃO

O continente africano testemunhou o surgimento de algumas das maiores civilizações da história da humanidade. Estes reinos partiram inicialmente de conglomeradas proto-urbanos, passando por modos de governos como as anarquias, as chefaturas e por fim nas hegemonias, onde neste ultimo estado de governo já é possível notar o estabelecimento de uma hierarquia administrativa, um fisco e um exército. Seguindo através do Vale do Nilo em direção ao sul do continente podemos observar uma grande quantidade de povos que se desenvolveram e prosperaram através do contato que tiveram entre si, seja esse contato pacifico ou não, esses reinos também levaram suas influencias e foram influenciados pelos povos da Península da Arábia, de onde por exemplo, adquiriram a religião islâmica e o desenvolvimento comercial. Falamos aqui de reinos como o Egito, a Núbia, as cidades fortalezas a reinos árabes na costa oriental africana, assim também como a Etiópia.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Através dos estudos de Hubert Deschamps, Joseph Ki Zerbo e Mario Curtis Giordani sobre as sociedades africanas anteriores ao descobrimento dos europeus, podemos desenvolver um trabalho cujo os reinos africanos fossem expostos de uma maneira poucas vezes relatada, pois muito pouco se conhece ainda hoje em nossa sociedade sobre o referido assunto e desta forma podemos analisar o processo de formação deste grandes povos, sobretudo como se expandiram fazendo uso das chamadas grandes rotas comerciais, que ligavam o continente africano com o Oriente Próximo e como essas rotas também se ligavam ao comercio no Mediterrâneo através do norte africano, fazendo desta região e da região da Núbia um verdadeiro ponto para as caravanas que seguiam a destinos distantes. Essas ligações e estabelecimentos de rotas comerciais longínquas levaram os produtos africanos até regiões como a Índia e a China, mostrando como eram valorizados esses produtos exóticos encontrados em regiões principalmente mais ao sul do Saara, como peles de Leopardo, marfim, pedras perciosas, etc.

METODOS

As pesquisas foram realizadas através da revisão bibliográfica de alguns livros como: Grandes Civilizações do Passado, A África anterior aos descobrimentos, dentre outros sobre a referida temática, assim bem como artigos encontrados no site WWW.casadasafricas.com.br onde podem ser encontrados vários materiais sobre os passado de muitos dos povos estudados, fazendo-se assim possível uma análise elaborada totalmente voltada para o tema da pesquisa e também a obtenção de alguns mapas da referida região que foram de suma importância para os estudos dessas rotas que ligavam os já citados reinos com as regiões de comercio oriental e continental. 

RESULTADO E DISCURSSÃO
 
Quanto às cidades estabelecidas na costa oriental da África, sabe-se que sua origem se liga à presença de viajantes asiáticos, provavelmente chineses e indianos; no século IX, mercadores do lado oriental do golfo pérsico fundaram aí alguns povoados, no entanto a região só atingiu maior desenvolvimento a partir do século XIII, quando árabes transformaram-na em importante entreposto comercial. Os povos dessa região adotaram a religião islâmica e desenvolveram uma intensa vida urbana e comercial. Contudo sua posição litorânea facilitava os ataques externos, e a falta de controle sobre o interior levava à fragmentação política. Assim, no século XVI, essas cidades foram dominadas e saqueadas pelos europeus; chegava ao fim uma importante cultura africana.Trata-se de uma história de sete mil anos, que formou a base sócio-cultural da maioria das civilizações humanas na antiguidade. Algo que foi consolidado com a formação da cultura helenística e a construção da célebre Biblioteca de Alexandria, após as conquistas de Alexandre, o Grande (356-323 a.C.).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um aspecto interessante do legado da África Antiga a outro Continente e que se situa num plano de estudos muito especializado é a contribuição do Continente Africano no campo de cereais importantes como o sorgo e o arroz.A África Pré-Histórica deixou um notável legado como sendo o berço da humanidade. Trata-se das relações entre os tipos raciais modernos do Continente e o modelo antigo dos grandes grupos antropológicos. A África Pré-Histórica deve ainda ser recordada pelo importante legado no campo artístico. Ainda pode ser citado o domínio das Ciências Humanas e Sociais, na contribuição dos sociólogos e cientistas políticos permite redefinir o saber histórico e cultural dessas nações. Já no campo religioso cita-se ser um dos aspectos mais interessantes da influência da África Negra com a africanização do islã, incluindo-se que o próprio estudo da História da África que proporciona à Ciência da História e às demais Ciências Humanas, porque amplia consideravelmente os horizontes da História Universal. A prática da história na África torna-se um permanente diálogo interdisciplinar. Novos horizontes se esboçam graças a um esforço teórico inédito. A noção de “Fontes cruzadas” e “Xuma”, por assim dizer do subsolo da metodologia geral, uma nova maneira de escrever a história. A elaboração e a articulação da História da África podem, conseqüentemente, desempenhar um papel exemplar e pioneiro na associação de outras disciplinas à investigação histórica.
Palavras-chave: Continente Africano, África Antiga, Cultura, História.

REFERÊNCIAS

DESCHAMPS,Hubert. Les Religions de L´Afrique Noire,Presses Universitaire de France,1954.   
FAGE, J.D. - A evolução da historiografia da África, História Geral da África I. Metodologia e Pré-História da África. São Paulo: Ática/UNESCO, 1980, coordenador do volume Joseph Ki-Zerbo.

GIORDANO, M.C -. História da África: Anterior ao Descobrimento. 5º ed.Petrópolis.,RIO DE JANEIRO:2007.
LINHARES, Maria Yedda. História Geral do Brasil. Rio de Janeiro: Campus. 1990.
SHEHATA, Adam - Colaboração de J. Vercoutter.
SILIOTTI, Alberto – Egito: Grandes Civilizações do Passado. Ed. Folio. ATLAS
Casa das Áfricas. Disponível em: <http://www.casadasafricas.com.br>. Acesso em 26 mai 2010 às 13:21h.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

ANGOLA NA ASCENSÃO SOCIAL PERNAMBUCANA, 1658 A 1666. - LEANDRO NASCIMENTO DE SOUZA


INTRODUÇÃO

Analisando a sociedade brasílica no século XVIII e XIX, vemos uma dependência do sistema social estabelecido com a mão-de-obra escrava. Essa dependência foi fruto do projeto português em aumentar cada vez mais a travessia de escravos da África para o Brasil, pois desde a captura dos africanos até a chegada deles no novo mundo, existia uma série de licenças e impostos que geravam um grandioso lucro para a Coroa portuguesa. Mas, para esse sistema escravista português consolidar-se, houve, na segunda metade do século XVII, grandes mudanças na estrutura do trato negreiro africano, principalmente no período dos governadores luso-brasileiros em Angola. Nos governos angolanos de João Fernandes Vieira (1658-1661) seguido pelo de André Vidal de Negreiros (1661-1666), foi colocado em prática as mudanças estruturais necessárias para retomar o controle e prestígio português na África, ampliando o tráfico de escravos no eixo entre Pernambuco e Angola. É justamente nesse contexto da recuperação de prestigio e poder lusitano que ocorreu uma grande demanda de militares que estavam na colônia brasileira e que atravessaram o Atlântico e lutaram em terras africanas. Esse intercâmbio militar entre Pernambuco e Angola vai ter seu ápice. A experiência adquirida na expulsão holandesa foi de fundamental importância para o sucesso na retomada do tráfico africano.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Fazendo uso da teoria do historiador inglês Edward Palmer Thompson, podemos analisar a sociedade colonial da segunda metade do século XVII, o “fazer- se” dos membros da sociedade na colônia portuguesa estava atrelado ao interesse dos homens e mulheres em suas ações e relações sociais. Como relação histórica, um grupo relaciona-se com outro. Os grupos se definem pela sua história e como formação social e cultural, que só adquire existência ao longo de um processo histórico que envolve as experiências dos colonos. As experiências dos militares pernambucanos sejam oficiais, soldados ou recrutas, enquanto sujeitos históricos e agindo em prol de uma ascensão social, são de fundamental importância para a compreensão dos fatos ocorridos em Angola e em Pernambuco nos anos de 1658 a 1666, pois foi através do seu “fazer-se” que militares brancos e negros em Pernambuco tiveram suas vidas alteradas pelas lutas em território angolano, modificando assim a história do tráfico de escravos desse período, participando como “sujeitos da história” na consolidação do império ultramarino português.

MÉTODOS

Para essa pesquisa foram selecionados documentos do Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa, em cópias micro-filmadas pertencentes ao Laboratório de Ensino e Pesquisa de História - LAPEH, da Universidade Federal de Pernambuco. Esses documentos, da segunda metade do século XVII, mostram parte das consultas enviadas de Pernambuco ao Rei, analisada pelo Conselho Ultramarino. Com essa correspondência podemos observar diversos assuntos relacionados ao tema proposto, como: pedidos de patente e de soldos atrasados, de soldados e oficiais que tinham lutado em Angola; pedidos de socorro dos governantes angolanos aos governantes de Pernambuco; notas e recibos das mercadorias comercializadas entre Pernambuco e Angola; solicitação de cargos governamentais e militares em Angola; solicitações de soldados e armamentos para guerra contra o reino do Congo; entre outros. O conteúdo dessas cartas proporciona relatos de indivíduos cuja história se entrelaça com o tema a ser investigado. As lacunas que a documentação proporciona foram preenchidas pela vasta bibliografia da época, mostram o contexto histórico do império marítimo português na segunda metade do século XVII, seus desafios, conflitos, interesses e superações. Principalmente por cronistas como Cardonega e Cavazzi.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a expulsão holandesa da capitania de Pernambuco, via-se um cenário de grandes oportunidades no campo militar. Com prestigio na Corte, os colonos em Pernambuco aproveitaram a situação para ascender socialmente através das forças militares. Sempre houve o risco de uma nova invasão e a ordem tinha que ser restabelecida, logo a necessidade de ter um bom contingente militar era fundamental. A experiência holandesa mostrou que grandes feitos tinham grandes recompensas e a expansão portuguesa em Angola foi a grande oportunidade para muitos soldados e recrutas melhorarem de vida, além de que os governadores angolanos, Vieira e Negreiros, incentivaram muito essa travessia atlântica. Muitas solicitações de cargos em Angola eram realizadas, muitos retornavam de Angola e solicitavam aumento de patentes e de soldos, recompensa pelos seus feitos. Através das solicitações escritas ao Reino, alguns militares conseguiram o reconhecimento. Outros que tinham uma nova chance de vida foram os degredados, devido a "crimes" e motivos religiosos. Vistos como altamente perigosos, tinham em grande parte, cometido crimes relativamente menores. Tiveram em Angola a oportunidade de recomeçar. Outro caso importante é a questão dos negros, muitos tiveram sua alforria na luta contra os holandeses, podemos dizer que a primeira tropa militar de negros no Brasil fora em Pernambuco, com o Terço dos Henriques10. Aproveitando esse prestígio, muitos negros embarcaram para Angola e tinham a oportunidade de ter uma vida relativamente melhor no exercito ou até mesmo uma chance de fuga e deserção no retorno ao seu continente natal.

CONCLUSÕES

Passando pelos conflitos entre as nações européias, vimos que a relação Brasil-África estava sempre presente e que as disputas por essas colônias foram acirradas, pois a captura e a travessia atlântica de escravos geraram grande lucro para as nações nesse período, e na seqüência com a produção açucareira. Vimos que Portugal, apesar de toda a dificuldade, conseguiu manter-se durante três séculos a frente dessa empreitada, usando de toda a sua estratégia política para manter seu império ultramarino. E seu grande diferencial com relação aos outros países pode ter sido justamente essa infiltração no interior africano. Os “heróis” pernambucanos João Fernandes Vieira e André Vidal de Negreiros tiveram uma grande importância na manutenção do império português. Através de suas políticas expansionistas, abriram os caminhos para que os “comuns”, soldados, recrutas e até mesmo oficiais militares usassem a situação conflituosa em Angola para serem reconhecidos perante a Coroa portuguesa, proporcionando a possibilidade de uma ascensão social numa sociedade voltada para o escravismo e produção açucareira. Através de um jogo de interesses entre a Coroa Portuguesa, a aristocracia açucareira pernambucana, e os colonos militares, o império português se moldou e de certa forma consolidou-se. Através do lucro Real com as taxas e impostos do trato negreiro, do lucro da aristocracia açucareira com um aumento na produção, e do lucro dos militares com a oportunidade de ascensão social, reafirmamos que a necessidade individual é que realmente move os “sujeitos históricos” no seu “fazer-se”.

PALAVRAS-CHAVE: Ascensão social. Pernambuco. Angola.

REFERÊNCIAS

Arquivo Histórico Ultramarino, caixas de Pernambuco: 6, 7, 8, 10 e 11.

ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O trato dos viventes: Formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das letras, 2000.

CADORNEGA, Antonio de oliveira de. História geral das guerras angolanas: 1680. Lisboa: Agência geral do Ultramar, 1972.

THOMPSON, E.P. A Miséria da Teoria ou um planetário de erros: Uma crítica ao pensamento de Althusser. Rio de Janeiro: Zahar, 2009.

THORNTON, John. A África e os africanos: na formação do mundo Atlântico, 1400-1800. Rio de Janeiro: Campos, 2003.




LEANDRO NASCIMENTO DE SOUZA

domingo, 3 de outubro de 2010

Projetos do NEABI

O NEABI, junto com a direção da FUNESO, está abrindo inscrições para o Grupo de Dança Cultural e para o Grupo de Capoeira.


Para inscrição no Grupo de Dança, é só entrar em contato com Eliandra, do 4° período de História / manhã, pelo fone: (81) 8679-1693.
 Para o Grupo de Capoeira, entrar em contato com Sidney , do 2° período de História / manhã, pelo fone:
(81) 8527-7692.

Como Surgiu o NEABI / FUNESO

No dia 26 de maio foi realizado o primeiro encontro de sensibilização para implantação do NEABI (Núcleo de Educação Afro-Brasileira e Indígena), com a participação do Diretor Geral da FUNESO Mario Marques de Santana, o Diretor Acadêmico Sófocles Medeiros, a Diretora do Centro das Licenciaturas Belkyria Gulard, a Coordenadora de Extensão Ednara Calado, o Coordenador do Núcleo de Pesquisa Iraquitan Ribeiro, a Coordenadora do Curso de História Eva Maria, a Professora Maria da Glória Dias e os representantes do Diretório Acadêmico de História, assim como da equipe que veio apresentar a proposta do Núcleo.


O Seminário de Nivelamento e Sensibilização acerca da proposta de implantação do Núcleo na Instituição, foi ministrado pelo Prof. Ms. Jorge Arruda, que trouxe para discussão o tema “Aplicando a Lei 10.639/2003 à luz das determinações do Art. 26 e 26 A da Lei 9394/1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e o Plano Nacional para a implementação da Lei 10.639 e a Lei 11.645/2008”, bem como a metodologia de estudo e pesquisa que estará sendo desenvolvida e seguida pelo NEABI da FUNESO.


No dia 2 de junho foi assinado o protocolo de intenções, evento que contou com a participação de toda a comunidade acadêmica funesiana.


Já no dia 16 de junho foi inaugurado o espaço físico onde está funcionando, em caráter permanente, o NEABI/FUNESO.